Peaky Blinders: Sangue, apostas e navalhas - Uma visão crítica da série de sucesso

Desde a estreia em 2013, a história dos Peaky Blinders tem conquistado fãs em todo o mundo, tanto pela sua trama impactante quanto pelo elenco de estrelas que protagoniza a série. Ambientada na Inglaterra dos anos 1920, a produção segue as peripécias da família Shelby, que lidera uma gangue que atua nas apostas e em outras atividades criminosas.

No entanto, por trás do glamour das roupas elegantes, carros de luxo e música envolvente, Peaky Blinders retrata a violência e a crueldade presentes em uma sociedade em crise, ainda sofrendo as (consequências) da Primeira Guerra Mundial, o que é uma das grandes qualidades da série. É interessante perceber como a série tem pouco de romanceamento quanto às cenas violentas e cruel, mas é clara como a série aborda a classe trabalhadora em luta, mas ainda submetida ao sistema.

A representação dos Peaky Blinders na série é complexa e envolve a ideia de que eles são uma resposta à opressão sofrida pelos trabalhadores da cidade, em um momento em que o governo não investia em políticas públicas e a economia estava em crise. Nesse sentido, sua atuação na economia informal era, em partes, uma forma de sobrevivência, o que não deixa de ser verdade. Por outro lado, os métodos brutais utilizados pelos gangues criminosos refletem uma lógica de confrontação e violência, que destroem a comunidade e aprofundam as desigualdades sociais.

Além disso, é importante destacar o quanto a representação das mulheres na série é bem construída! Na pós-Primeira Guerra Mundial, as mulheres na Inglaterra conquistaram o direito ao voto e ao trabalho remunerado. Em Peaky Blinders, personagens como a matriarca da família Shelby, Polly, e a ingênua e destemida Grace, representam a luta dessas mulheres por autonomia e independência financeira.

Apesar da história fictícia, Peaky Blinders não deixa de ser um espelho da realidade e das desigualdades sociais que ainda persistem na atualidade. A série denuncia a corrupção, a exploração e o poder opressor do Estado, e mostra, em diversos momentos, a luta pelo direito à organização sindical e política. Infelizmente, os mecanismos que mantêm a exploração da classe trabalhadora no capitalismo se mantém ainda hoje, tornando a obra cada vez mais relevante.

Em resumo, Peaky Blinders é uma série fascinante que consegue unir muitos elementos em uma só obra, dentre eles, a retratação de uma época violenta, as tensões sociais e a esperança por dias melhores. Com personagens complexos e roteiros bem escritos, temos uma reflexão importante sobre a história e a realidade atual. Por isso a cada novo episódio, somos tragados por esse universo distinto, que nos faz pensar, nos questionar e, acima de tudo, nos entreTER de maneira inteligente.